Jair Bolsonaro não acredita que um nome de centro – tendendo à direita ou à esquerda —estará no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
O presidente (sem partido) está certo de que a disputa se dará entre ele e Lula (PT).
A quem lhe pergunta se está confiante na vitória, Bolsonaro responde que sim.
Diante de seu círculo de assessores mais próximos, no entanto, o ex-capitão tem se mostrado bem menos seguro da reeleição.
A esses colaboradores, o presidente afirma que Lula virá para a disputa “com sangue nos olhos” e chega a projetar cenários a partir da própria derrota.
Bolsonaro diz que o petista irá “desarmar tudo” o que o seu governo construiu e que fará “as coisas que não teve coragem de fazer” nas gestões anteriores do PT – o que inclui, segundo o presidente, impor de vez a “ideologia marxista” na Educação e “aparelhar as Forças Armadas”.
Hoje, no entanto, é Bolsonaro quem se esforça para cooptar os militares.
Em março, o presidente demitiu de forma sumária o ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva depois que ele se recusou a lhe dar a cabeça do então comandante do Exército, Edson Pujol. Bolsonaro queria que Pujol se manifestasse publicamente contra a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, de anular as condenações de Lula, transformando o ex-presidente em “ficha limpa” – Pujol, com quem Bolsonaro há tempos já estava agastado, se negou a fazê-lo.
A demissão de Azevedo e Silva nesse contexto provocou uma crise militar que resultou na saída dos três comandantes das Forças de uma vez – um episódio sem precedentes na história do país.
Pujol foi substituído pelo general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, com quem Bolsonaro não tem proximidade. Também o novo comandante da Marinha, o almirante de esquadra Almir Garnier, era, até sua posse, um quase desconhecido do presidente – o contato mais próximo que tiveram foi quando o almirante, ex-secretário-geral do Ministério da Defesa, participou da comitiva presidencial para o Oriente Médio, em 2019.
Apenas o chefe da Aeronáutica, o brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior, pode ser considerado simpático ao bolsonarismo.
No último dia 3 maio, Bolsonaro surpreendeu os novos comandantes ao comparecer à reunião do Alto Comando das Forças, que reúne todos os oficiais-generais de último posto do Exército, Marinha e Aeronáutica.
O evento, na Escola Superior de Guerra, em Brasília, tinha o objetivo de discutir um assunto de grande interesse dos militares: o orçamento destinado às Forças e as medidas para retomar projetos estratégicos paralisados por cortes de verba.
Em geral, esse tipo de reunião é comandado pelo ministro da Defesa, agora o ministro Braga Netto, e não conta com a presença do presidente da República.
A ida de Bolsonaro ao encontro foi uma tentativa do ex-capitão de aproximar-se dos novos comandantes e sondar-lhes os ânimos — em especial, do chefe do “seu” Exército.
O presidente não está sozinho nessa tarefa. Auxilia-o o deputado Eduardo Bolsonaro.
No dia 11 de maio, o filho Zero Três do presidente esteve com o general Paulo Sérgio no quartel-general do Exército —onde foi com a declarada missão de falar sobre projetos de liberação de armas e a disfarçada incumbência de perscrutar a opinião do comandante da Força sobre a conduta do STF, que no passado o deputado disse que bastaria “um cabo e um soldado” para fechar.
Fonte: Uol