Mãe desempregada chora ao contar que não tem como comprar comida para os filhos no AC: ‘dói muito’

 

No Acre, assim como em todo país, muitas famílias vivem em situação de insegurança alimentar. Maria José tem nove filhos e cinco deles moram com ela em uma casa emprestada vizinho.

Com a geladeira praticamente vazia, a dona de casa Maria José Teixeira da Silva conta que tem sido difícil aguentar essa situação e chora quando os filhos pedem comida e não há nada em casa para matar a fome das crianças.

Desempregada, Maria é mãe de nove filhos, sendo que cinco deles têm entre um e 13 anos e moram com ela e o esposo em uma pequena casa no Ramal do Cacau, Travessa do Açaí, na zona rural de Rio Branco.

Nas panelas, felizmente, nessa quinta-feira (14), tinha comida, graças a uma doação que ela recebeu, mas nem todos os dias têm sido assim.

“Esses dias mesmo, há umas duas semanas, eu estava sem nada. Não tinha farinha, não tinha arroz. Meu filho menor, de 5 anos, levantou de manhã perguntando se tinha pão e eu disse que não tinha e ele começou a chorar”, contou entre lágrimas.

Com dificuldade para encontrar trabalho, o único dinheiro com que ela e a família podem contar uma vez por mês são R$ 250 do Bolsa Família e outros R$ 270 que ela recebe de pensão de um ex-marido.

No Acre, muitas famílias vivem em situação de insegurança alimentar

Maria conta que só não está na rua porque pôde contar com a solidariedade de um vizinho que cedeu a casa para a família se abrigar depois que ficou impossível continuar pagando o aluguel de R$ 200. As crianças também não estão estudando porque não têm acesso à internet nem calçados para irem até a escola.

Além da tristeza e angústia de muitas vezes não ter nada para dar de comer aos filhos, a dona maria conta que nesses dias também está muito difícil dormir por causa do calor e da quantidade de insetos.

“Não tenho ventilador, não tenho cortinado, e com o calor e carapanã fico muito tempo abanando eles. A pequenininha fica bolando em cima da cama sem dormir com calor.”

Maria e a família fazem parte da estatística sobre o aumento da fome no Brasil em um estudo da rede brasileira de pesquisa em soberania e segurança alimentar e nutricional que revela que essa triste chaga nacional voltou aos níveis observados em 2004.

Naquele ano, a insegurança alimentar moderada estava em 12% e a grave em 9,5% da população do país. Pelos dados atuais o primeiro quesito está em 11,5% e o segundo em 9%. As regiões Norte e Nordeste concentram os domicílios com as maiores taxas de insegurança alimentar moderada e grave.

No Acre, os números mais recentes são da pesquisa de orçamentos familiares contínua, do IBGE, referente ao biênio 2017-2018 que já naquela época apontou que 58% dos domicílios do estado enfrentavam dificuldades para ter o que comer. Número que certamente ficou ainda mais dramático e acentuado por causa da pandemia, garantem especialistas.

“Penso que podia ser assim, que meus filhos tivessem o que comer, pelo menos de manhã cedo, ter um pão, uma bolacha. Não estou conseguindo comprar, nem conseguir alguma coisa para eles, uma roupa, um calçado. Vejo meus filhos descalços e não posso fazer nada. Até eu mesma estou sem sandália, isso dói muito em mim”.

Segundo o diretor de políticas de assistência social do estado, João Mascarenhas, a Secretaria de Assistência Social tem buscado formas de conseguir recursos para serem aplicados na área social, em parceria com os municípios.

Como resultado já tem conseguido kits de alimentação para população necessitada. Tem também o “Auxílio do Bem”, que é um programa que fornece um valor para que a família faça compras em um mercado credenciado, entre outras ações.

 

Por Andryo Amaral, Jornal do Acre 2ª Edição

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