Rixa política? Prefeitura de Sena cita lei e não disponibiliza quadra para campeonato

O uso do Ginásio Municipal Messias Rodrigues para jogos da 1ª Copa Gilberto Lira Intermunicipal de Futsal – categoria masculina, edição 2025 – foi negado pela Prefeitura de Sena Madureira na última quarta-feira (26). A decisão, oficializada por meio de ofício enviado ao coordenador do torneio, Francisco Alexandre Martins, cita o Artigo 37, §1º da Constituição Federal, que impede a utilização de bens públicos para fins de promoção pessoal de autoridades.

Segundo o posicionamento do município, apesar do reconhecimento da importância de competições esportivas para a sociedade, o nome do deputado estadual Gilberto Lira atrelado ao torneio poderia caracterizar publicidade institucional irregular, o que abriria brechas para questionamentos legais. O prefeito Gehlen Diniz afirmou, por meio da administração, que a medida busca resguardar o bem público e seguir os princípios da Constituição.

Seleções de futsal do Acre se prepararam para a Copa Intermunicipal 2025, mas calendário pode ser afetado enquanto o pedido de uso do Ginásio Messias Rodrigues segue em análise jurídica na Prefeitura de Sena Madureira/Foto cedida

Do outro lado, o empresário Roneyson Neves, um dos principais apoiadores da copa, que oferece suporte logístico e estrutural aos atletas, avalia que o argumento jurídico pode estar sendo usado como justificativa para um impasse de cunho político ou até pessoal.

Em entrevista à redação do ContilNet, Roneyson disse:

“A gente protocolou um ofício hoje e o prefeito negou o ginásio alegando que tem o nome do deputado. Mas essa é uma copa intermunicipal, abrange todo o Acre [Sena Madureira, Jordão, Tarauacá e Manoel Urbano]. Não é só o Gilberto no meio. Tem o governador Gladson Camelí, o secretário Ney Amorim e vários patrocinadores promovendo. Aí somos barrados de jogar no nosso próprio município. Cerca de cinquenta atletas. Engraçado que quando ele fez um campeonato com nome próprio, não viu problema em ‘copiar’ o mesmo modelo”

O empresário também pontuou a falta de alternativas estruturais no momento:

“Tem outro ginásio no município, mas está em reforma desde semana passada. Tá tudo quebrado. Não tem outra quadra para jogar em Sena. A competição não recebeu nenhum suporte direto da prefeitura. No último jogo, levamos os atletas de ônibus cedido por mim, como empresário, sem qualquer apoio público”

Roneyson afirmou ainda que a equipe já busca medidas legais para destravar o caso:

“Estamos acionando o Ministério Público para resolver, porque a gente não pode travar o esporte alegando promoção pessoal, sendo que a própria prefeitura fez algo idêntico antes, só que com outro nome e sem reação”

A prefeitura, por sua vez, afirmou que permanece aberta ao diálogo para avaliar novos pedidos, desde que o evento esteja em conformidade com as diretrizes legais e não carregue elementos que possam ser interpretados como autopromoção de figuras públicas.

O episódio levanta debate sobre os limites entre incentivo ao esporte, política e o uso de espaços públicos para eventos de grande alcance estadual – além de expor a fragilidade estrutural enfrentada pelos organizadores do torneio no interior do Acre.