Agro acorda para a política: cresce a participação de produtores rurais nas eleições no Acre

O Acre respira política, e no campo a coisa não é diferente. A percepção é clara: o Agro no Acre “acordou” para a política e está ampliando o número de candidatos nessas eleições. Este ano, quando escolheremos prefeitos e vereadores, representantes do agronegócio vão estar na disputa.

Ou o setor começava a ter voz ativa na política… ou vai ficar levando sempre ‘chinelada’.

Ao menos é o que avalia o doutor em Desenvolvimento Agrário Jorge Nogueira. Segundo ele, professor titular do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), o setor percebeu a necessidade de se fazer presente. “Nos últimos 30 anos, o setor do agronegócio percebeu que ou começava a ter voz ativa na política — tendo pessoas representando seus interesses nas decisões, não apenas do Executivo, mas em particular no Legislativo — ou iria sempre levar ‘chinelada’ de todos os lados”, afirma Nogueira. “Agora, busca ter representação crescente junto àqueles que formulam políticas públicas”.

Eleições 2022

Nas eleições de 2022, sob a liderança de Jorge Moura, conhecido como o “Rei da Soja” no Acre, e do pecuarista Fernando Zamora, o setor se uniu em torno do PRTB para tentar uma candidatura ao governo do Estado. O projeto acabou descambando, e, no final do segundo tempo, os arranjos culminaram na desistência de Jorge e na ida de Zamora para compor com o MDB de Mara Rocha. Fernando acabou sendo o vice-governador na chapa de Mara. O agro perdeu uma grande oportunidade.

Eleições 2024

As eleições de 2024 estão apenas começando e o setor, mesmo de maneira descentralizada, tem seus pré-candidatos a prefeitos e a vereadores por todo o Estado. Vale mencionar a produtora rural e economista Antônia Fernandes, que compôs um grupo de trabalho no Sindicato Rural de Cruzeiro do Sul. Ainda pelo Juruá, temos Alana Souza, engenheira agrônoma e produtora rural, que foi secretária de Produção de Mâncio Lima e hoje tenta uma vaga na Câmara Municipal. Além dela, temos Josemir Melo, policial civil e jornalista, que também tem um pé na zona rural. Ele tem percorrido as áreas rurais de Mâncio Lima ao lado do pré-candidato a prefeito Zé Luiz e é um forte nome.

Em Tarauacá, Zé Filho, pré-candidato a prefeito pelo Republicanos, é produtor rural e empresário, colocando o agro e o desenvolvimento como suas principais pautas. O ex-prefeito de Feijó, Cláudio Braga, tenta uma vaga na Câmara Municipal e é produtor rural. Jéssica Sales, junto com a família Sales, são pecuaristas além de políticos. Leila Galvão, em Brasiléia, tem o marido, Nelsinho, como pecuarista. Izabelle Araújo, pré-candidata a vereadora em Brasiléia, é ex-presidente da Associação dos Produtores de Café do Acre (ACA). Em Xapuri, Antônio Pedro, além de comerciante, também tem negócios no campo. Em Acrelândia, temos a pré-candidatura do prefeito Olavinho à reeleição; ele é produtor e tem um laticínio.

 

UÉ preciso citar também o prefeito da capital acreana, Tião Bocalom (PL). Com seu lema “produzir para empregar”, Bocalom é pré-candidato à reeleição. Ele possui terras em Acrelândia, onde cultiva café e outras culturas, colocando grande expectativa no agro como foco para a produção e desenvolvimento.

Este apanhado geral mostra que o agro vem forte e bem representado nas eleições deste ano. No entanto, é preciso dizer: as eleições deste ano são um preparativo para 2026.

2026: Agro quer mais representação

As ações do agro nas eleições de 2026 é assunto para outra coluna. Mas já adianto: o setor está de olho no legislativo federal, foco na Câmara e no Senado. Mesmo sem uma grande articulação neste ano, parece que as coisas vão mudar. O agronegócio quer ser melhor representado em Brasília.

Nos bastidores, há rumores de que um dos maiores produtores do Acre pode ser candidato ao Senado. Fiquem atentos ao próximo capítulo.