ONG de Mâncio Lima luta contra doença rara que faz pacientes deixarem de se movimentar e falar; presidente Andrade que teve 5 irmãos doentes batalha para que afetados não sofram abandono

No ponto mais ocidental do Brasil, em Mâncio Lima, ocorre diariamente uma luta silenciosa, liderada pelo Instituto “Vô Jofre”, presidido por um homem que conhece de perto a dor de uma doença rara e devastadora. O tenente da Polícia Militar aposentado, José Andrade Oliveira, 57 anos, preside a ONG de 10 voluntários que se dedicam a amenizar o sofrimento de famílias afetadas pela Ataxia Cerebelar.

A Ataxia Cerebelar é uma doença neurodegenerativa que atinge o cerebelo, a parte do cérebro responsável pelo equilíbrio e coordenação. O efeito nos pacientes, a maioria concentrada nos bairros Guarani, e Pé da Terra é cruel: a pessoa perde progressivamente a capacidade de se movimentar e de falar, tornando-se 100% dependente. É um diagnóstico que transforma vidas e exige um suporte contínuo e oneroso.

Nascido e criado no bairro Guarani, o ex-militar viu sua própria família ser vítima da enfermidade. Dos seus 10 irmãos, cinco são afetados, além de tios, sobrinhos e outros parentes. Ele carrega na pele a experiência de conviver com os desafios e a tristeza impostos por essa condição. A fundação do Instituto, batizado em homenagem ao “Vô Jofre”, nasceu dessa busca por aliviar o sofrimento de seus entes.

A Força do Voluntariado e o Apelo por Ajuda

Há mais de três anos, Andrade, sua esposa Estefânia, a vice-presidente Uerlerte e outras 7 pessoas, mantêm o Instituto de portas abertas. A associação dos familiares e afetados pela Ataxia Cerebelar de Mâncio Lima foi criada com o objetivo de prestar auxílio em saúde e locomoção, buscando uma melhor qualidade de vida para os pacientes.

A dedicação dos membros é total e completamente voluntária. “Nós lutamos por puro amor e carinho. A gente vê a necessidade e não consegue cruzar os braços,” conta Andrade, com a voz carregada de emoção. “Mas o amor sozinho não move montanhas, ele precisa de apoio.”

E o apoio é urgente. Sem recursos próprios e com foco em buscar emendas e projetos, o Instituto se vê limitado diante das demandas básicas dos pacientes. “Temos pessoas que precisam urgentemente de cadeiras de rodas, de andadores, de fraldas em grande quantidade, de equipamentos de auxílio. A falta de recursos nos impede de dar o suporte que eles merecem. É uma tristeza ter a vontade, mas não ter os meios,” desabafa.

O Tenente Andrade e os voluntários fazem um apelo às lideranças públicas, empresários e a toda a comunidade filantrópica que se sensibilize com essa causa nobre. O Instituto Vô Jofre está de portas abertas para receber auxílio e suporte, operando dentro de suas limitações para dar dignidade a quem foi atingido por essa doença rara e silenciosa.