
Um bebê recém-nascido sofreu uma grave queimadura no pé esquerdo poucas horas após nascer no Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, Espírito Santo. A mãe da criança, Sara Peisino Barboza, denunciou o caso nas redes sociais na quinta-feira (21/8). Depois do ferimento, o bebê precisou ser transferido para o Hospital Infantil, em Vitória, onde está internado na UTI Neonatal. A equipe médica avalia se o bebê deve passar ou não por uma cirurgia.
Em um post nas redes sociais, Sara contou que deu entrada no hospital no último dia 18, para indução do parto, já que a gestação era de risco por causa da pressão alta. O filho, José, nasceu saudável às 6h do dia 19, em um parto normal.
“Subimos pro quarto e horas depois levaram ele pro berço aquecido pois ele estava com a temperatura de 36.2ºC e o ideal seria 36.5ºC, minha mãe foi acompanhá-lo e eu fui descansar”, relatou.
A mãe relata que, durante o processo, uma enfermeira usou um algodão aquecido em uma lâmina de metal para esquentar o pé do bebê. Ela colocou o chumaço dentro da meia e, em seguida, vestiu o macacão na criança.
“Acordei com o barulho do choro do meu filho, e um cheiro de queimado, quando cheguei na sala já tinha várias pessoas e estava um alvoroço, me levaram pro andar de baixo onde fica a UTI Neonatal, e minha mãe me contou o que tinha acontecido”, disse.
Segundo a mãe, a enfermeira disse que o bebê chorava de fome e colocou o dedo com luva na boca dele. “Ele se acalmou, pois é muito bonzinho. Mas o fogo continuou e subiu um cheiro forte, minha mãe viu que a cor do macacão estava diferente e tirou. Quando tirou [a meia], o pé do José já estava queimado, a meia e o macacão também”, detalhou.
“Graças a Deus minha mãe viu a tempo, pois agora eu poderia estar sem meu filho por ter queimado ele inteiro. Meu filho nasceu bem e horas depois prejudicaram nossas vidas de uma forma terrível. Só quero que os responsáveis paguem pelo que fizeram”, disse no desabafo publicado nas redes sociais.
O que vai acontecer com o bebê?
Após o incidente, José foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) do hospital e, posteriormente, transferido para o Hospital Infantil. A família informou que os médicos avaliam a necessidade de cirurgia para medir a profundidade da queimadura e definir os próximos passos do tratamento.
Sara relatou ainda as dificuldades enfrentadas desde o ocorrido. Por estar em resguardo após levar 20 pontos no parto, ela afirma não ter tido direito ao descanso nem à amamentação exclusiva do filho. “Nós teríamos alta hoje se não fosse essa situação, agora não sei quando vou trazer meu neném pra casa”, escreveu.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa), por meio do Hospital Dr. Jayme Santos Neves, afirmou que “lamenta profundamente o ocorrido, se solidariza com a família e informa que já instaurou processo interno para apuração rigorosa dos fatos. As medidas administrativas cabíveis serão adotadas”.
O Estado de Minas entrou em contato com a Polícia Civil do Espírito Santo para saber se foi instaurado algum inquérito sobre o caso. Até o momento, não houve resposta. O espaço segue aberto para atualizações.
Outros casos
- Uma recém-nascida apresentou graves lesões nos pés após receber um banho em uma maternidade de Cruzeiro do Sul (AC). As lesões foram confirmadas como queimaduras de 2º e 3º grau, provavelmente causadas por água excessivamente quente utilizada no procedimento.
- A bebê, de apenas 1 mês — chamada Aurora Maria Oliveira Mesquita — foi transferida para Belo Horizonte, submetida a enxerto para evitar amputação e permaneceu internada por mais de um mês. Ela recebeu alta no fim de julho e retornou ao Acre.
- Um laudo descartou epidermólise bolhosa (doença genética rara inicialmente suspeitada), confirmando que as lesões foram queimaduras. Houve registro de boletim de ocorrência, afastamento da técnica de enfermagem, e investigação pela Polícia Civil, Ministério Público do AC, Secretaria de Saúde e conselho profissional.
- Em outro caso que ocorreu em junho, a família de um bebê denunciou que o filho teria sofrido uma queimadura causada por uma compressa utilizada durante atendimento no Centro de Emergência Regional (CER) no estado do Rio de Janeiro. O bebê, de cerca de 5 meses, apresentava quadro de bronquiolite e pneumonia, e o incidente teria ocorrido em contexto de febre e dificuldade para respirar.
- A família acusa a unidade de mau atendimento, afirmando que o ferimento foi provocado por procedimento inadequado, mas não há confirmação oficial de investigação nem posição da unidade de saúde divulgada até o momento.