
Os pecuaristas do Acre comercializaram 328.566 bezerros para outros estados brasileiros nos primeiros seis meses de 2025. O número representa um aumento expressivo de mais de 100% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram vendidas 147.398 cabeças. Os dados foram divulgados por órgãos estaduais e confirmados pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Acre (FAEAC).
Segundo o presidente da FAEAC, Assuero Veronez, esse crescimento está relacionado à movimentação tanto de pequenos quanto de grandes criadores. Ele explicou que, no primeiro semestre de 2025, os pequenos produtores venderam 154.573 bezerros, enquanto os grandes pecuaristas transferiram 173.993 cabeças para fora do estado. Entre as regiões de destino estão os estados de Rondônia, Mato Grosso e Goiás.
Mesmo com a preocupação de alguns criadores sobre o impacto da saída em massa de bezerros, Veronez afirmou que não há prejuízo no processo. Pelo contrário, ele considera que o equilíbrio entre a venda e a permanência de animais ajuda a evitar uma superoferta futura de boi gordo nos frigoríficos locais. “Se houver uma oferta maior que a procura, isso pode resultar em queda no preço da arroba do boi”, destacou.
A movimentação interestadual dos animais também envolve custos com impostos. Para vender bezerros para fora do Acre, os criadores precisam pagar 12% de ICMS. No entanto, se houver indícios de sonegação fiscal, a alíquota pode subir para 19%, conforme determina a legislação vigente. Em 2024, os pequenos criadores já haviam negociado 90.696 animais, enquanto 56.702 cabeças foram transferidas de propriedades de fora para dentro do estado.
Os criadores precisam pagar 12% de ICMS/Foto: Reprodução
A nova alíquota do ICMS também define um valor fixo de R$ 1.600 por cabeça enviada para outros estados, o que tem influenciado a dinâmica do setor. No ano passado, mais de 200 mil bezerros foram comercializados com outras unidades da federação, enquanto os frigoríficos do Acre abateram 580 mil animais, segundo informou o presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos e Matadouros do Acre (Sindcarnes), Murilo Leite.
Leite também observou que, nos últimos dois anos, tem ocorrido uma retenção de fêmeas nas fazendas, devido à valorização do bezerro no mercado de reposição. Como resultado, houve uma redução no ritmo de abates pela indústria. Atualmente, a média aponta que os frigoríficos estão abatendo 55% de fêmeas e 45% de machos. O Acre possui hoje um rebanho bovino estimado em cerca de 5,2 milhões de cabeças