Todos os dias, dezenas de jovens de Mâncio Lima acordam cedo com um destino comum: Cruzeiro do Sul. É lá, a cerca de 40 quilômetros de distância, que funciona o campus Floresta da Universidade Federal do Acre (UFAC), a única opção de ensino superior público da região. Mas para muitos, o sonho de cursar uma faculdade tem sido empurrado por um obstáculo que não está no conteúdo das provas, mas no bolso: o transporte.
Sem ônibus escolar gratuito durante os turnos da manhã e tarde, os estudantes têm desembolsado cerca de R$ 300 mensais para arcar com as despesas do trajeto. Enquanto isso, o transporte público oferecido pela prefeitura de Mâncio Lima cobre apenas o turno da noite, utilizando o mesmo veículo que leva estudantes do ensino fundamental e médio.
Bruna Lima, estudante de Licenciatura em Espanhol, fez um vídeo nas redes sociais para desabafar sobre a situação. Nele, ela relata a dificuldade de manter os estudos diante dos custos. “Estudar numa universidade pública está saindo muito caro. Nem todo mundo tem como pagar isso todo mês”, disse.
A jovem ainda destaca que muitos colegas estão cogitando trancar o curso por falta de condições de pagar o transporte. “A gente não quer luxo, só queremos ter direito ao que é básico: acesso à educação”, desabafa.
A situação escancara um problema estrutural: a distância entre o direito garantido e a realidade vivida. Embora a universidade seja gratuita, o caminho até ela não é. A falta deste auxílio tem afetado diretamente o desempenho e a permanência dos estudantes no ensino superior.
Os alunos reconhecem o esforço da prefeitura em garantir o transporte noturno, mas pedem que a solução alcance também o Estado e beneficiem outros turnos. “A gente só quer estudar”, resume Bruna.
Com a política chegando, seria um bom momento para algum senador ou deputado destinar recursos e ajudar estes, que são o presente e futuro da sociedade.
Enquanto a resposta não vem, o trajeto continua todos os dias, de Mâncio Lima até Cruzeiro do Sul, com sacrifício e esperança.
