Caixa já liberou R$ 12 bilhões em crédito para trabalhadores; veja como solicitar!

A Caixa Econômica Federal aposta na consolidação do Crédito do Trabalhador, nova modalidade de empréstimo consignado para o setor privado, como uma das forças propulsoras de seu crescimento em 2025. Lançada em março deste ano, a linha já movimentou entre R$ 11 bilhões e R$ 12 bilhões, segundo afirmou o presidente da instituição, Carlos Vieira, na última quinta-feira (5).

Se mantido o atual ritmo de adesão, a estimativa é de que a modalidade encerre o ano com até R$ 100 bilhões em contratos firmados, movimentando não apenas os cofres dos bancos públicos, mas também estimulando a concorrência entre instituições privadas.

A principal inovação do Crédito do Trabalhador está no uso do FGTS como garantia de pagamento, o que reduz os riscos para os bancos e permite taxas de juros mais competitivas — ao menos na teoria. A modalidade é voltada a trabalhadores com carteira assinada da iniciativa privada, incluindo domésticos, rurais e até mesmo microempreendedores.

Segundo Vieira, a adesão de instituições financeiras privadas tem sido um diferencial importante. “Os bancos públicos têm o seu papel, mas o mercado absorveu como grande oportunidade”, declarou.

Condições atrativas e participação crescente

A Caixa tem adotado uma política agressiva de taxas de juros, oferecendo valores médios de 2,5% ao mês e chegando a patamares inferiores a 1,7%, dependendo da análise de risco do tomador. Esses números colocam a instituição com a menor taxa do mercado, de acordo com Vieira.

Ao mesmo tempo, a estatal relata que está liberando em torno de R$ 1 bilhão por mês em consignado líquido, valor que indica uma retomada importante após quatro anos de desempenho tímido nessa área.

Taxas de juros sob pressão

Apesar do avanço da nova modalidade, o cenário geral do consignado ainda é desafiador. Dados recentes mostram que a taxa média de juros do crédito consignado bateu recorde em abril, alcançando 3,94% ao mês — um salto considerável em relação aos 2,90% registrados em fevereiro, antes da implementação do Crédito do Trabalhador.

Esse aumento pode indicar um descompasso entre a proposta inicial da nova linha, de reduzir o custo do crédito, e a realidade enfrentada por muitos tomadores em bancos privados. Ainda assim, a presença do FGTS como garantia pode ajudar a pressionar o mercado por maior equilíbrio.

Resultados expressivos impulsionam a Caixa

Os bons números da nova linha de crédito se somam a um desempenho financeiro acima das expectativas por parte da Caixa Econômica Federal no primeiro trimestre de 2025.

Lucro recorde no primeiro trimestre

A Caixa registrou um lucro líquido recorrente de R$ 4,9 bilhões, valor 71,5% maior do que no mesmo período de 2024. Já o lucro líquido contábil foi ainda mais expressivo: R$ 5,8 bilhões, um crescimento de 133,9% em relação ao ano anterior.

Segundo Vieira, dois fatores contribuíram diretamente para esse resultado:

O follow on da Caixa Seguridade, com emissão subsequente de ações;

Um ajuste de provisão, relacionado à reavaliação de riscos e perdas.

Esses elementos ajudaram a compensar os impactos da resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que modificou o cálculo dos juros para determinadas operações de crédito e reduziu as receitas do setor bancário no início do ano.

Carteira de crédito ultrapassa R$ 1,2 trilhão

Outro destaque foi o crescimento da carteira de crédito da Caixa, que atingiu R$ 1,266 trilhão, alta de 10,7% frente ao primeiro trimestre de 2024. O setor imobiliário responde por 67,2% desse total, reflexo direto do protagonismo do programa Minha Casa Minha Vida, responsável por 99% das operações habitacionais da estatal.

De acordo com Vieira, o programa não só movimenta o crédito, como também impacta diretamente o mercado de trabalho. “Parte significativa dos empregos gerados vem deste segmento”, afirmou.

Desafios regulatórios e ajustes internos

O presidente da Caixa admitiu que o primeiro trimestre foi desafiador. A instituição teve que se adaptar a novas regras do CMN, o que exigiu mudanças internas significativas na avaliação de risco e no controle de crédito.

Mesmo com o cenário de incerteza, a Caixa conseguiu manter sua performance. Os ativos totais da instituição cresceram de R$ 3,3 trilhões para R$ 3,6 trilhões, enquanto os ativos administrados somaram R$ 2,1 bilhões, aumento de 9% em um ano.

Esses indicadores colocam a Caixa como um dos principais players do sistema financeiro nacional, especialmente entre as instituições públicas.

Loterias seguem como fonte importante de recursos

Apesar da retração nas apostas, as Loterias Caixa continuam sendo relevantes no financiamento de programas sociais. No primeiro trimestre de 2025, as loterias arrecadaram R$ 5,5 bilhões, com uma queda de 10,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Deste total, R$ 2,1 bilhões foram distribuídos como prêmios aos apostadores, e outros R$ 2,1 bilhões foram destinados a programas sociais do governo federal.

Mesmo com a queda, a Caixa reforçou o papel das loterias como instrumento de desenvolvimento social, especialmente em áreas como saúde, educação e segurança pública.

Perspectivas para o restante do ano

A expectativa é que o Crédito do Trabalhador continue ganhando força nos próximos trimestres, especialmente se mais bancos privados aderirem ao modelo com condições competitivas. A meta de R$ 100 bilhões contratados até dezembro parece ambiciosa, mas não fora de alcance, considerando os resultados já registrados.

Além disso, o desempenho da Caixa no Minha Casa Minha Vida, no crédito imobiliário e nas operações de consignado tende a manter a instituição como uma protagonista na recuperação da economia brasileira em 2025.

Vieira concluiu com otimismo: “Estamos com números muito significativos, tanto em lucro quanto em concessão de crédito. A Caixa está sólida, eficiente e pronta para os desafios que virão.”