
O Tribunal do Júri Popular da 1ª Vara de Rio Branco condenou, em julgamento realizado na quarta-feira (23), o trio de assassinos que matou o atleta pernambucano Thiago Oseas da Silva por foto com suposto gesto de facção criminosa a penas superiores a 25 anos de prisão, em regime inicialmente fechado. Thiago Oseas da Silva, que deixou o estado natal e a própria família para tentar a sorte no Acre como jogador de futebol do time do Santa Cruz, foi assassinado com oito tiros na cabeça em 31 de março de 2024, durante uma festa no bairro Santa Inês, após postar uma foto com um gesto associado a uma facção criminosa rival à que atua no bairro em que o jovem atleta estava.
Thiago Oseas estava em uma festa de aniversário quando o local foi invadido por um grupo criminoso. O rapaz, assim como outros participantes da festa que não moravam no Santa Inês, foi levado para um local ermo para ser interrogado pelo chamado tribunal do crime. O jogador teve o celular vasculhado e, no aparelho, foi encontrada uma fotografia com o gesto associado ao Comando Vermelho, razão pela qual os membros do tribunal do crime decidiram por sua execução. Em seguida, eles levaram o rapaz para uma rua isolada e ali dispararam oito vezes contra sua cabeça. O jovem atleta morreu no local. A Polícia Militar conseguiu prender quatro suspeitos e apreender três adolescentes como suspeitos de participação no crime.
O jogador estava à disposição da base do Santa Cruz-AC e havia chegado ao Acre duas semanas antes do crime para disputar o Campeonato Acreano Sub-20. Ele morava junto com outros jogadores em um alojamento na capital.
Os acusados pela morte do jogador são Andrey Borges Melo, Darcifran de Moraes Eduino Júnior e Kauã Cristyan Almeida Nascimento. Eles responderam por homicídio com motivo torpe, mediante emboscada, constrangimento ilegal, corrupção de menor e organização criminosa. Outras três pessoas, incluindo menores de idade, também devem responder pelo crime.
O trio foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MP-AC) em abril do ano passado. O jovem foi assassinado a tiros no dia 31 de março de 2024, no bairro Santa Inês, na capital acreana, após postar uma foto com um gesto associado a uma facção criminosa. O promotor de Justiça que atuou no caso, Ildor Marciano, disse, antes do julgamento, que o caso seria digno de pena máxima ou, se houvesse no Brasil, de prisão perpétua. “Já que não temos esse regime, vamos trabalhar com o que temos e pedir pena máxima”, disse. “Queremos uma pena proporcional à torpeza do crime que cometeram”, disse o promotor.
A sessão do Tribunal do Júri foi assistida, através de videoconferência, pela mãe do jogador assassinado, a autônoma Rosa Maria Vilas Boas da Silva, à qual os assassinos chegaram a pedir desculpas e perdão por terem matado um rapaz inocente, já que ele não tinha ligações com nenhum tipo de facção – embora tenha feito o sinal, com as mãos, conhecido como “Paz e Amor”, que também é utilizado pela facção Comando Vermelho, que é rival à qual pertencem os executores condenados, o Bonde dos 13. A mãe da vítima não os perdoou.
“Tudo indica que o crime foi motivado pela guerra entre facções criminosas, com os acusados acreditando que as vítimas pertenciam à organização rival, conhecida como Comando Vermelho. O ato, portanto, ao que parece, caracteriza-se como uma atividade de extermínio, considerando que os autores do delito eram membros da organização criminosa ‘Bonde dos Treze’, facção que exercia domínio sobre o bairro onde os fatos ocorreram”, afirmou o MP-AC na denúncia.