
Moradores da comunidade do Pé da Serra, na região da Serra do Divisor, relatam episódios de abate de porcos, prática que vem gerando preocupação e tensões entre os criadores locais. Segundo os relatos, os animais estariam sendo mortos sem a devida comunicação aos proprietários, fato que vem acirrando desentendimentos na comunidade.
A região, conhecida pela Serra do Moa – um dos principais pontos turísticos do Acre que atrai centenas de visitantes ao longo do ano –, enfrenta um conflito relacionado à criação solta de porcos. Durante reunião comunitária, em parceria com representantes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, ficou decidido que a criação de porcos de forma solta em áreas de conservação é proibida. Já foram emitidas notificações para que os animais sejam mantidos em confinamento, medida que visa evitar desentendimentos e prejuízos tanto à agricultura local quanto ao turismo.
Uma moradora comentou a situação de forma crítica, afirmando que, segundo ela, “a situação se agrava porque, ao que parece, alguns moradores buscam prioridade no uso da terra – justificando a prática pelo fato de serem indígenas – enquanto os demais, considerados ‘brancos’, veem seus animais abatidos sem aviso prévio”. Apesar do tom conflituoso do relato, autoridades locais reforçam que a medida visa preservar o equilíbrio na convivência e a integridade dos roçados e empreendimentos turísticos.
Em áudio divulgado, o gestor do ICMBIO esclareceu que, “não se incentiva ninguém a matar porcos de vizinhos, mas a criação solta desses animais é proibida por lei, conforme decidido em reunião comunitária”. Segundo ele, a legislação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação impede a criação de animais soltos em parques nacionais. “Permitir a criação em cativeiro pode atender à necessidade de produção local, mas a liberdade dos animais tem causado conflitos, destruindo áreas de cultivo e afetando o turismo”, explicou.
Outra moradora relatou que a prática vem se intensificando: “Esta semana já foram abatidos dois porcos e, até ontem, mais um animal foi morto. Algumas pessoas optaram por retirar os porcos para evitar problemas, mas outros continuam a criar os animais soltos, contrariando as orientações do ICMBIO”. O apelo feito pelas autoridades e moradores é claro: para garantir a convivência pacífica e a preservação do parque, a criação de porcos deverá ser realizada apenas em regime de confinamento, sob pena de multa para quem descumprir a determinação.
O episódio evidencia a complexidade de se conciliar tradições locais com as normas de preservação ambiental em áreas de conservação, reforçando a necessidade de diálogo e de ações que respeitem tanto o direito dos moradores quanto a integridade dos ecossistemas protegidos.