Aumento do preço da carne preocupa consumidores em Cruzeiro do Sul; valores devem subir ainda mais

Na última sexta-feira (8), o preço da carne registrou o maior aumento mensal dos últimos quatro anos, comparando o mês de setembro com os dados de outubro, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o principal indicador da inflação no Brasil. Ele mede a variação de preços de uma “cesta” de produtos e serviços consumidos pelas famílias que possuem de 1 a 40 salários mínimos, como: alimentos, educação, saúde, transporte e habitação. Assim, ele é a principal referência para o governo ajustar as políticas econômicas.

Dessa forma, quando o IPCA sobe muito, indica que os preços estão aumentando e o custo de vida está mais alto, quando ele está controlado, a inflação está mais estável e os preços não têm mudanças bruscas.

A alimentação no domicílio, que engloba carnes e outros produtos alimentícios de supermercado e açougue, que em setembro era de 0,56%, passou para 1,22% em outubro. Assim, foram observados aumentos nos preços das carnes (5,81%), com destaque para os seguintes cortes: acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%).

De acordo com André Almeida, gerente da pesquisa de inflação do IBGE, o avanço expressivo das carnes é consequência de três principais fatores: mudanças climáticas, menor número de animais para abate e um aumento das exportações, que reduziram a oferta no mercado interno. Ele explica que a forte estiagem e o clima seco contribuíram para a diminuição da oferta das carnes, o que ocorre na região norte desde junho, e é um fator resultante na elevação dos preços com a manutenção da demanda.

No açougue João Alves, em Cruzeiro do Sul, houve um aumento no preço da carne vendida para o açougue. Antigamente, o frigorífico vendia as carnes no valor de R$15,30, e hoje, o valor repassado da carne é de R$21,00 o quilo.

Ao entrar em contato com o frigorífico, nenhuma resposta concreta foi recebida, apenas uma afirmação de que o preço iria aumentar mais. “O frigorífico cita que vai aumentar mais o preço da carne,” conta Elias Ferreira Bezerra, açougueiro desde 2005. Além do aumento dos preços da carne para o açougue, os consumidores se questionam o por quê da carne ser vendida mais cara sendo que o frigorífico vende por R$21,00.

A carne é vendida por um valor bruto de R$21,00, no entanto, ela não vem pronta para consumo. A carne do boi é vendida para o açougue com 20% de sujeira e precisa passar por uma limpeza para poder ser vendida e consumida. Após o tratamento na casa de carne, o valor é repassado para os clientes com um aumento.

“Lembrando para a população que esse preço da carne de R$21,00, repassado para nós, é um preço bruto. É uma carne, ela vai ser tratada, ela vai ter que ser limpa, tirado a sujeira da carne, no caso, langanho, landra, osso, aquelas partes com osso que elas são descartáveis, essa carne vai ser limpa, no total essa carne é repassada realmente”, explica Elias.

A Alcatra, que era vendida por R$32,90, hoje é vendida a R$38,90, o Músculo que era vendido a R$9,90 hoje é vendido por R$17,90. Assim, no mês de outubro, as carnes tiveram aumento significativo, o que preocupa o consumidor.

A cliente Charline Silva, relata a dificuldade que têm sido, tanto com o aumento das carnes, quanto de outros produtos. “Olha, pra gente que já luta para sobreviver com o pouco que ganha, esse aumento da carne tá difícil. Já tá complicado comprar o básico, e agora com o preço da carne subindo, fica até difícil fazer uma refeição boa pra família. A carne sempre foi uma opção que a gente conseguia comprar de vez em quando, mas agora, com esses preços, muita gente está deixando de comprar. Está cada vez mais difícil para o cruzeirense”, conclui.

Com a alta dos preços, os consumidores utilizam técnicas para driblar a inflação, utilizando proteínas similares à da carne vermelha. “Com os aumentos, os consumidores tendem a migrar para o frango, o ovo e os pescados na busca por alimentos com um preço menos salgado”, ressalta o gerente de inflação do IBGE, André Almeida.

Redação Jurua24horas