Sobrevivente que estava em lancha atingida por paredão em Capitólio relata emoção ao voltar para casa: ‘Outra chance de viver’

O turista de Jaú (SP) que estava com mais quatro parentes em uma das lanchas atingidas pelo deslizamento de um paredão de pedra no Lago de Furnas, em Capitólio (MG), retornou para casa neste domingo (9).

Michel Leite Neves, de 31 anos, descreveu ao g1 o sentimento de ter retornado à cidade no interior de São Paulo após viagem para conhecer os cânions de Capitólio e vivenciar a tragédia que matou dez pessoas, entre elas, quatro da mesma família.

“Aliviado e seguro em ter voltado para casa. Foi um final de semana que parece 1 ano. Foi emocionante porque todos sabemos que não morremos por um milagre. Ainda mais que na minha cidade já estavam espalhando noticias que havíamos morrido.”

“Aquele reencontro de alivio por estar vivo, uma emoção sem explicação’”, comentou o rapaz.

 

Em relação aos parentes, Michel conta que eles, mesmo de volta para casa, ainda estão em choque e que vão precisar de mais tempo para se recuperarem.

A sogra de Michel, que sofreu fratura exposta no cotovelo, precisou passar por uma cirurgia às pressas em Passos (MG). Segundo Michel, ela também voltou para Jaú e vai finalizar o tratamento na cidade.

“Foi um milagre o que aconteceu. Parece que tenho uma segunda vida, uma segunda chance, porém com um certo trauma do que aconteceu. Todos falam que agora tenho duas datas de aniversário. Como um amigo disse, agora tem que restabelecer prioridades na vida, e colocar os sonhos e projetos em prática, pois estou tendo uma outra chance de viver”, ressalta.

‘Trauma inexplicável’

A família de Michel estava na lancha vermelha que foi atingida pelo deslizamento do paredão de rochas no sábado (8). Na rápida fuga do local, a lancha em que estavam trombou em outra.

Michel disse que ele e os parentes ficaram feridos por conta das batidas, da quantidade de água e dos estilhaços de pedra e que, com exceção da sogra que teve fratura exposta, os outros familiares, entre eles uma menina de 15 anos, tiveram ferimentos leves.

“Foi assustador. Na hora, a gente imagina que está morrendo. Não tem como descrever o sentimento, foi a pior sensação da minha vida. Estamos bem abalados, chocados. É um trauma inexplicável”, relata.

Pedras caindo

Michel contou ainda ao g1 que durante o passeio pelos cânions de Capitólio, ele viu pequenas pedras caindo e perguntou ao piloto da lancha se aquilo era normal.

Segundo ele, o piloto havia dito que a queda das pedras era recorrente. Porém, pouco tempo depois, Michel relata que outra pedra maior se desprendeu. O morador do interior de SP diz que não escutou pessoas pedindo para se afastarem por conta do barulho da cachoeira.

O piloto da lancha, então, começou a se retirar do local, na tentativa de se afastar. Nesse instante, Michel afirma que percebeu que o grande paredão havia se desprendido. Entre gritos e mais estilhaços de pedras em queda, a família viveu um momento de tensão. O piloto teve de acelerar para salvá-los do acidente.

“Ele virou o barco porque disse que era melhor a gente sair dali. Mas nesse momento o paredão já estava caindo. A sorte é que o motorista teve essa percepção. A lancha dele era menor e muito rápida e por isso conseguimos escapar”, comenta.

Foto foi tirada durante o trajeto, segundo o morador de Jaú — Foto: Michel Leite Neves/Arquivo pessoal

Foto foi tirada durante o trajeto, segundo o morador de Jaú — Foto: Michel Leite Neves/Arquivo pessoal

Ainda segundo Michel, após o ocorrido, a família foi para o porto com o barco parcialmente destruído e recebeu os primeiros atendimentos em Furnas, de onde a sogra foi transferida para Passos para passar por cirurgia de emergência.

*Sob supervisão de Eduardo Ribeiro Jr.

FONTEG1
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